Ceia de Natal,
Confraternização. Troca de presentes. Festa de Ano Novo. Brinde. Beijos e
abraços. Repleto de ritos sociais, o encerramento do ano é uma época que
reforça o sentimento de solidão em muitos de nós. Até mesmo quem gosta de viver
só durante o ano inteiro está sujeito a ser invadido por um desconforto
inesperado ao perceber que não sabe com quem partilhar o peru de dia 24 ou o
champanhe de dia 31. O golpe de solidão que chega com a última página do
calendário não é exclusivo de quem está, literalmente, sozinho durante as datas
festivas. Há aqueles que, no meio de ruidosos encontros familiares ou
empresariais, mal conseguem disfarçar o mal-estar e a sensação de inadequação.
O Natal é um período
consensualmente considerado de alegria e esperanças optimistas. Por norma é
assim mas, para muitas pessoas, pode ser uma época muito triste e fazer-se
acompanhar por sentimentos de solidão, desamparo e desânimo. A alegria, imposta
pela sociedade, torna-se desconfortável para quem não consegue pôr de lado a angústia,
O desgaste provocado pelo esforço em contemplar tudo e agradar a todos faz
disparar os níveis de ansiedade numa escalada ascendente assim que surgem as
primeiras propagandas de Natal e Ano Novo.
A “tristeza do Natal” é comum
durante o frenesim de Dezembro ao fazermos balanços e projetos. Aquela que
para muitos de nós é a época mais feliz do ano, para outros é precisamente o
contrário. O Natal e os encontros de família podem transformar-se em momentos
tristes e difíceis de suportar, especialmente se a pessoa já está deprimida.
Paralelamente, nos meios de comunicação social é vendida urna mensagem que
difere da realidade que a maioria das pessoas vive e sente, sobretudo num
período de crise económica, desemprego, violência e incertezas em relação ao futuro.
Não é raro ouvirmos comentários negativos em relação aos preparativos do Natal,
traduzidas pelas célebres frases “Detesto o Natal” ou “Odeio quadras festivas”.
Muitas vezes, o sentimento de
desamparo e desânimo é provocado por datas que nos trazem lembranças tristes,
seja por perdas, como a de entes queridos, separações, desemprego ou doenças.
Todos esses factos provocam o que podemos chamar de tristeza natural.
Entristecer não é deprimir. É a consciencialização da situação ou condição que
não aquela que gostaríamos que fosse, independentemente de ser ou não
fantasiosa. Afinal, todo o ser humano tem momentos de tristeza, faz parte da
vida.
Mas, na generalidade, a “tristeza
do Natal” é sazonal, de duração breve, decorre durante alguns dias ou semanas e,
em muitos casos, termina quando as férias acabam e quando se retorna à rotina
quotidiana. O mais importante é permitir a si próprio estar triste ou saudoso.
Esses são os sentimentos normais, particularmente na época do Natal.
Porém, mesmo para quem é difícil
contornar esta quadra, é importante tomar consciência de que esse sentimento é
mais comum do que se imagina e de que há formas de superar a tristeza e
angústia, e readquirir, pelo menos em parte, o espírito natalício. Deixar de
lado projetos “extraordinários”, propor-se objetivos realísticos, organizar o próprio
tempo, elaborar listas de prioridades, fazer um plano e segui-lo, exercitar o
pensamento positivo, são truques ao alcance de qualquer um.
Enfim, o segredo reside na
capacidade de sair da ritualidade muito “litúrgica” das festas e procurar
inventar novas maneiras de celebrar o Natal e o Ano Novo.
E porque não?… Ser solidário e
desejar a paz ao resto do mundo!
Dra. Cláudia Fernandes
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