Qual deve ser a duração da
homilia?
Responde o pe. Edward McNamara,
LC, professor de teologia e diretor espiritual
O pe. Edward McNamara responde
nesta semana a uma questão enviada por um leitor dos EUA.
“Em várias ocasiões, assisti à
missa dominical numa paróquia de outra diocese. Todas as vezes, o celebrante
dava uma homilia-relâmpago de aproximadamente um minuto. Às vezes, os avisos
paroquiais eram mais compridos do que a homilia. Existe alguma regra que
indique quanto tempo deve durar a homilia?” - M.E., Rochester, Nova Iorque (
EUA ).
É bom saber que há paroquianos
que se queixam de homilias muito curtas. Indica a existência de uma verdadeira
fome de uma explicação substancial da Palavra de Deus.
Infelizmente, as normas oficiais
dizem relativamente pouco sobre a duração das homilias. Isto é inevitável,
porque as expectativas variam de uma cultura para outra e mesmo de um contexto
social para outro. Se, por um lado, há culturas que preferem longos discursos
durante a missa, também há outras em que seis minutos já despertam sinais de
impaciência na assembleia.
Na Introdução ao Lecionário, o nº
24 diz:
Particularmente recomendada como
parte da liturgia da Palavra, especialmente a partir da constituição litúrgica
do concílio Vaticano II, e até expressamente obrigatória em alguns casos, a
homilia expõe, no decorrer do ano litúrgico, de acordo com o texto sagrado, os
mistérios da fé e as normas da vida cristã.
Via de regra feita pelo
celebrante que preside a missa, a homilia se destina a assegurar que a
proclamação da Palavra de Deus se torne, juntamente com a liturgia eucarística,
"uma proclamação das admiráveis obras de Deus na história da salvação, no
mistério de Cristo". O mistério pascal de Cristo, que é proclamado nas
leituras e na homilia, se atualiza por meio do sacrifício da missa. Cristo,
portanto, está sempre presente e ativo na pregação da sua Igreja.
A homilia, seja explicando a
palavra de Deus proclamada na Sagrada Escritura ou em outro texto litúrgico,
deve guiar a comunidade dos fiéis a participar ativamente na Eucaristia, para
que eles "expressem na vida o que receberam na fé". Com esta viva
exposição, a proclamação da palavra de Deus e a celebração da Igreja podem
alcançar uma eficácia maior, desde que a homilia seja realmente o resultado da
meditação, bem preparada, nem muito longa nem muito curta, e que saiba se
dirigir a todos os presentes, incluindo as crianças e as pessoas mais
humildes".
Em sua exortação apostólica Verbum
Domini, o papa Bento XVI dedicou uma passagem à importância da homilia:
59 . Várias tarefas e ofícios
competem a cada um no tocante à Palavra de Deus: aos fiéis, cabe ouvi-la e
meditá-la; expô-la, porém, cabe apenas àqueles que, em virtude da sagrada
ordenação, têm a respectiva tarefa magisterial, ou àqueles a quem é confiado o
exercício deste ministério: os bispos, sacerdotes e diáconos. Daqui a
importância que o sínodo atribuiu à homilia. Já na exortação apostólica
pós-sinodal Sacramentum Caritatis, eu salientei que, "em
relação à importância da Palavra de Deus, há necessidade de melhorar a
qualidade da homilia. Ela faz parte da ação litúrgica; destina-se a promover
uma compreensão mais profunda da Palavra de Deus na vida dos fiéis. A homilia é
uma atualização da mensagem bíblica, a fim de que os fiéis sejam levados a
descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus na vida de hoje. Ela deve
levar à compreensão do mistério que se celebra, convocar para a missão,
dispondo a assembleia para a profissão de fé, para a oração universal e para a
liturgia eucarística. Como resultado, quem por ministério específico deve
pregar dedique-se de coração a essa tarefa. Devem-se evitar homilias genéricas
e abstratas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, bem como inúteis
divagações que ameaçam chamar mais atenção para o pregador do que para o
coração da mensagem evangélica. Deve ficar claro para os fiéis que o que está
no coração do pregador é mostrar a Cristo, que deve ser o centro de cada
homilia. Isto exige que os pregadores tenham confiança e constante contato com
o texto sagrado e se preparem para a homilia na meditação e na oração, a fim de
pregar com paixão e convicção. A assembleia sinodal exortou a se fazerem as
seguintes perguntas: o que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim,
pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, levando em conta a sua situação
específica? O pregador deve se deixar desafiar pela Palavra de Deus que proclama,
porque, como diz Santo Agostinho, "é inútil pregar exteriormente a Palavra
de Deus e não ouvi-la no próprio coração". Cuide-se com especial atenção
da homilia dos domingos e das solenidades, mas não se negligenciem as das
missas cum populo durante a semana: quando possível,
ofereçam-se breves reflexões, apropriadas à situação, para ajudar os fiéis a
receber e fazer frutificar a Palavra ouvida.
Se este é o desafio que a Igreja
apresenta para a pregação de padres e diáconos, é pouco provável que ele possa
ser vencido numa homilia de apenas um minuto.
A Igreja recomenda ser breve,
principalmente porque a homilia deve ser proporcional a toda a celebração. Faz
pouco sentido prolongar-se durante 20 minutos ou mais e dedicar pouco tempo à
Oração Eucarística.
Novamente, devem-se levar em
conta vários fatores culturais e é quase impossível dar regras precisas.
Poderíamos dizer que seis minutos são o mínimo para a missa de domingo, mas é
muito mais difícil determinar a duração máxima. Considero que o critério da proporcionalidade
com o resto da celebração é um bom parâmetro, juntamente com as expectativas
dos fiéis no contexto de uma situação pastoral concreta.
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