O gigantesco movimento que está nas ruas do Brasil ainda não cabe em nossa terminologia conceitual tradicional. Os cientistas sociais e políticos estão pasmados. Os políticos, nem se fale. Todos têm teorias que só abrangem instituições verticais, ou seja, as tradicionais, que têm autoridades e lideranças com quem se pode dialogar. O movimento das ruas não tem liderança destacada, ninguém responde real ou virtualmente pelo que está acontecendo. É um movimento impessoal e aparentemente apartidário. Bandeiras de partidos políticos foram banidas das multidões. Parece que a Bandeira do Brasil é o símbolo que une a todos.
Podemos dizer que esta mobilização acionada pelas mídias sociais mais recentes tem um caráter horizontal. É uma forma de organização política nova para todos nós, acostumados com chefes, hierarquia, etc. Esse novo movimento que surge é composto, inclusive, por jovens que dizem “detestar” política, e estão nas ruas para protestar. Ali suas vozes podem ser ouvidas. Protestam contra o instituído que, por sua vez, parece ter esgotado o seu potencial de respostas aos problemas sociais. Uma nova ordem deve brotar de tudo isso, pensamos.
A eclosão do movimento das ruas revela que havia um grito social sufocado e que só agora eclode com força, exatamente no momento em que o Brasil está sob os holofotes da mídia internacional, por causa da Copa das Confederações. Não é a mesma coisa que aconteceu no movimento das Diretas-Já, nem o que ocorreu com os Caras Pintadas, da época do ex-presidente Collor. Muitos dos participantes nasceram depois da queda do Caçador de Marajás.
Colunista do Portal Ecclesia.
Diocese de Guanhães (MG). Mestre em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de filosofia e cultura religiosa na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Da redação do Portal Ecclesia.
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