Esta é a grande festa familiar
que a Igreja nos convida a celebrar neste domingo: a festa da paternidade
No mês de agosto, chamado mês
vocacional para a Igreja no Brasil, celebramos também o Dia dos Pais no segundo
domingo. Quero me associar a todos os pais no seu dia e apresentar-lhes meus
cumprimentos e as minhas especiais preces pela sua vida e pela sua missão de
gerar os seus filhos para a Igreja e de educá-los na fé católica. Meu olhar se
volta para todos os pais, particularmente aqueles que estão doentes, que passam
dificuldades, que sofrem atribulações, que estão desempregados, que vivem
perseguições, aos encarcerados, aos pais adictos, aos pais que estão afastados
de seus filhos pelo sofrimento do divórcio e aos pais que sofrem porque seus
filhos vivem na dependência do álcool e da droga.
Eu gostaria de pedir licença aos
meus leitores para compartilhar as palavras do Papa Francisco em sua histórica
e emocionante visita pastoral à Comunidade da Varginha. Aquele contexto deve
ser o contexto em que devemos celebrar o Dia dos Pais. Disse o Papa Francisco:
"Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a
minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros desse
País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água
fresca, beber um "cafezinho", falar como a amigos de casa, ouvir o
coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão
grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui visitar
a Comunidade de vocês, que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é
bom ser bem-acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês
decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do
coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa!".
Realmente, esta é a grande festa
familiar que a Igreja nos convida a celebrar neste domingo: a festa da
paternidade. A festa em torno do grande dom que Deus dá ao homem e à mulher,
que é nascer de um pai e de uma mãe, formando uma família conforme a vontade de
Deus. E quando nós falamos dos sentimentos que temos pelos nossos pais é o de
acolhida, manifestado tão magnificamente pelo Papa Francisco: "Desde o
primeiro instante em que toquei as terras brasileiras, e também aqui junto de
vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que
qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim por que quando somos generosos
acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar
na nossa casa, o nosso tempo – não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei
bem que quando alguém que precisa comer bate à sua porta, vocês sempre dão um
jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais
água no feijão”! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira
riqueza não está nas coisas, mas no coração! E o povo brasileiro, sobretudo as
pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade,
que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda.
Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades
públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça
social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário!
Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo!
Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a
sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do
egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela
que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da
solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um
irmão".
As palavras do Papa são um
convite para que os pais não desanimem de ser os promotores da cultura da
acolhida: acolher em primeiro lugar a Jesus Cristo, nosso Salvador, que tendo
nascido de uma família humana foi obediente ao seu pai adotivo, São José, e à
sua Mãe, Maria Santíssima. Os pais devem ensinar aos seus filhos a
solidariedade, a partilha, a cidadania, a corresponsabilidade pela vida da
Igreja, missão de todos os batizados, e o profetismo de sermos discípulos-missionários
na edificação de uma sociedade mais justa, com emprego, com renda, com inclusão
social verdadeira.
O Papa Francisco sublinhou na
Catedral Metropolitana de São Sebastião que os bispos, sacerdotes e diáconos
são "Chamados a promover a cultura do encontro. Em muitos ambientes,
infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a “cultura do descartável”.
Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se
deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns,
as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e
pragmatismo". Os pais, da mesma maneira, são protagonistas desta cultura
do encontro e da superação da exclusão que impera em muitos ambientes
familiares. Que nossas famílias sejam locais de encontro para rezar, para as
refeições, para a partilha da vida cotidiana. Que muitos confortos modernos que
nos isolam, como a televisão em cada quarto, o computador que muitas vezes exclui
a conversa pessoal, sejam redimensionados para que possamos viver realmente uma
vida familiar em que o pai conduz a sua família a viver a cultura da vida, da
esperança, da fé e da transmissão do Evangelho.
Gostaria de entrar em cada um dos
lares do Rio de Janeiro para cumprimentar os pais de nossa Arquidiocese. Com o
Dia dos Pais começa a Semana Nacional da Família em todo o Brasil. Também será
importante celebrá-la, e desejo de coração afirmar a importância da família na
sociedade. Por isso, elevo ao Divino Pai Eterno uma especial prece por todos os
pais, para que não renunciem à sua importante missão familiar e eclesial. E
que, na bela experiência do “terço dos homens”, nossos pais possam dar o
testemunho público de vida cristã aos filhos e netos, que deve ser a sua
primeira e mais importante missão e o seu mais precioso bem a deixar de legado
a todos os seus familiares.
Deus abençoe nossos pais!
† Orani João Tempesta, O.
Cist.
Arcebispo Metropolitano de São
Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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