Ser cristão não é ter uma etiqueta
Apresentamos a seguir as palavras
pronunciadas pelo Papa Francisco neste domingo (25) diante dos fiéis e
peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Ângelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos convida a
refletir sobre o tema da salvação. Jesus está subindo desde a Galileia até a
cidade de Jerusalém, e ao longo do caminho um tal - diz o evangelista Lucas -
se aproxima e pergunta-lhe: "Senhor, são poucos os que se salvam?"
(13,23). Jesus não respondeu diretamente a pergunta: não é importante saber
quantos se salvam, mais importante é saber qual é o caminho da salvação. E
assim, Jesus responde a questão, dizendo: "Esforçai-vos por entrar pela
porta estreita, porque muitos procurarão entrar, mas não conseguirão" (v.
24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E por que
Jesus fala de uma porta estreita?
A imagem da porta aparece várias
vezes no Evangelho e evoca aquela da casa, do lar doméstico, onde encontramos
segurança, amor, calor. Jesus diz-nos que há uma porta que nos permite entrar
na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é
o próprio Jesus(cf. João 10,09). Ele é a porta. Ele é a passagem para a
salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada,
não está fechada nunca, está sempre aberta a todos, sem distinção, sem
exclusão, sem privilégios. Porque vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Alguém
entre vocês poderia me dizer: "Mas, Padre, com certeza eu estou excluído
porque sou um grande pecador: fiz coisas más, fiz tantas coisas, na vida”. Não,
você não está excluído! Precisamente por isso és o preferido, porque Jesus
prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando
para te abraçar, para te perdoar. Não tenha medo: Ele está esperando por você.
Anime-se, tenha coragem para chegar à sua porta. Todos são convidados a passar
por esta porta, a porta da fé, para entrar na sua vida e deixá-lo entrar na
nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e
duradoura.
Hoje em dia nós passamos diante
de muitas portas que nos convidam a entrar e prometem uma felicidade que, logo,
percebemos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem
futuro. Mas eu lhes pergunto: Por qual porta queremos entrar? Quem queremos
deixar entrar pela porta de nossas vidas? Eu gostaria de dizer com força: não
tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixá-lo entrar cada vez
mais em nossas vidas, de sairmos do nosso egoísmo, do nosso fechamento, da
nossa indiferença para com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma
luz que nunca se apaga. Não é um fogo de artifício, não é um flash! É uma luz
tranquila que dura para sempre e nos dá a paz. Assim é a luz que encontramos
quando entramos pela porta de Jesus.
Claro que a de Jesus é uma porta
estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, isso não! Mas porque Ele
nos pede para abrir os nossos corações para Ele, reconhecermo-nos pecadores,
necessitados de sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter a humildade em
acolher a Sua misericórdia e de nos deixar renovar por Ele. Jesus no Evangelho
nos diz que ser cristão não é ter uma etiqueta''! Eu pergunto a vocês: vocês
são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda dentro de si mesmo!
Nunca cristãos de etiqueta! Mas cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é
viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a
justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a
nossa vida.
A Virgem Maria, Porta do Céu,
pedimos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que seu Filho
transforme nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria
do Evangelho.
(Apelo)
Com grande dor e preocupação
continuo a acompanhar a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra
entre irmãos, com a proliferação de massacres e atrocidades, que todos pudemos
ver nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a levantar a voz
para que termine o ruído das armas. Não é o confronto que oferece perspectivas
de esperança para resolver os problemas, mas a capacidade do encontro e do
diálogo.
Do fundo do meu coração, eu
gostaria de expressar a minha proximidade na oração e solidariedade a todas as
vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças,
e convido a manter viva a esperança de paz. Faço um apelo à comunidade
internacional para que se mostre mais sensível a esta situação trágica e
coloque todos os esforços para ajudar a amada nação Síria a encontrar uma
solução para uma guerra que semeia a destruição e a morte. Todos juntos,
rezemos, todos juntos rezemos a Nossa Senhora, Rainha da Paz: Maria, Rainha da
Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.
Saúdo com afeto os peregrinos
presentes: as famílias, os numerosos grupos e a Associação Albergoni. Em
particular, saúdo as Irmãs de Santa Doroteia, os jovens de Verona, Siracusa,
Nave, Modica e Trento, os crismandos da Unidade Pastoral de Angarano e Val
Liona; os seminaristas e padres do Pontifício Colégio Norte-Americano, os
trabalhadores de Cuneo e os peregrinos de Verrua Po, San Zeno Naviglio, Urago
d'Oglio, Varano Borghi e São Paulo, do Brsil. Para muitos, estes dias marcam o
fim do período das férias de verão. Auguro a todos um retorno sereno e
comprometido à vida cotidiana normal olhando para o futuro com esperança.
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